A HERANÇA DAS BORBOLETAS

que através do processo de seleção natural resulta na adaptação das espécies ao ambiente onde vivem. Nas espécies que têm uma estratégia de mimetizar o meio onde vivem, predominam as cores castanhas e verdes para se confundirem com a vegetação. Por outro lado, nas espécies que evitam os predadores imitando a sua morfologia, podem surgir as mais diversas cores, como vermelho, amarelo, laranja, azul, etc.

 

3.Qual a espécie mais rara no Mundo?

Há muitas espécies de borboletas ameaçadas de extinção em Portugal, na Europa e no Mundo. Muitos especialistas consideram uma pequena borboleta azul que só vive num local na Califórnia (na Península de Palos Verdes) como a mais rara do mundo. Trata-se da subespécie Glaucopsyche lygdamus palosverdesensis, que tem o nome comum de “Palos Verdes blue”.

 

4.Que espécies podemos encontrar em Portugal? E onde?

A ordem dos Lepidoptera divide-se em dois grandes grupos: borboletas diurnas e noturnas. Os ingleses chamam às borboletas diurnas “butterflies” e são o grupo de insetos mais bem estudado do mundo. Todos os outros lepidópteros, que constituem a maioria das espécies desta ordem, são englobados no grande grupo das “noturnas” (“moths” para os ingleses). Em Portugal Continental existem 135 espécies de borboletas diurnas e mais de 2000 espécies de noturnas. Podemos encontrar borboletas em todos os locais com vegetação autóctone, desde jardins, prados, matos ou florestas. Recomendamos a observação de borboletas numa das Estações da Biodiversidade que estão abertas ao público de norte a sul de Portugal. As Estações da Biodiversidade são percursos curtos com painéis de informação especialmente sobre plantas e insetos, especialmente criados para observar e conhecer as borboletas e outros insetos comuns. As serras do norte de Portugal são particularmente ricas em borboletas, especialmente o sítio da Rede Natura 2000 Nogueira/ Montesinho, que é o “hotspot” da diversidade no nosso país.

 

5.Quais são as que estão em vias de extinção?

No único livro publicado sobre as Borboletas de Portugal por Ernestino Maravalhas em 2003, consideram-se 37 espécies ameaçadas de extinção no nosso país. Mais de dez anos depois, esta informação deverá ser revista, pelo que estamos a preparar a publicação de uma lista vermelha das borboletas atualizada. Poderei acrescentar que as espécies que mais nos preocupam são a Borboleta-azul-das turfeiras (Phengaris alcon), que existe essencialmente nas serras do Alvão e Montemuro; e a Fritilária-mediterrânica (Euphydryas desfontainii), uma espécie mediterrânica que só vive no Barlavento Algarvio.

 

6.Como se pode criar uma borboleta?

A primeira condição para criar borboletas é conhecer as plantas que servem de alimento às suas lagartas, uma vez que todas as espécies na fase de lagarta só se alimentam de plantas. No estado adulto, as borboletas precisam essencialmente de flores para poderem alimentar-se do seu néctar. Qualquer local pode ser utilizado para criar borboletas. Sugerimos que em jardins, quintais ou varandas, coloquem vasos de plantas hospedeiras e nectaríferas, para atraírem as fêmeas que assim naturalmente irão fazer as posturas. Por exemplo, com arruda ou funcho é possível criar a lagarta da bonita borboleta Cauda-de-andorinha (Papilio machaon). Se plantar aderno poderá também com facilidade acompanhar o ciclo de vida de outra borboleta vistosa e comum da nossa fauna, a cleópatra (Gonepteryx cleopatra).

 

7.Onde podemos encontrar centros de reprodução de borboletas em Portugal?

O Borboletário do Museu Nacional de História Natural e da Ciência foi a primeira estufas de borboletas a ser criada em Portugal. Foi inaugurada em 2006 com o nome de “Lagartagis” e funciona desde então como centro de criação de borboletas e divulgação ao público da biologia, ecologia e diversidade da nossa fauna. Neste borboletário poderá visitar, no centro de Lisboa, um jardim mediterrânico com as borboletas comuns nas diversas fases do ciclo de vida: ovo, lagarta, crisálida e adultos a voar livremente. Que eu tenha conhecimento apenas existe mais uma estufa semelhante no Parque Urbano da Quinta da Rana em Cascais.